domingo, 30 de março de 2014

João Paulo Rodrigues: "Só me me falta escrever um livro"




Aos 20 anos iniciou a sua carreira como ator, ao participar numa peça de teatro, no Porto. Sempre foi um sonho seguir esta profissão?
 Comecei a fazer teatro cómico por brincadeira. Estava no último ano de faculdade e foi uma coisa que aconteceu. Na altura, fazia-se teatro cómico e stand-up nos bares. Havia um, que eu costumava frequentar, no qual um empregado me convidou para participar numa noite temática de stand-up. Quando demos por nós, passados seis meses, tínhamos o bar completamente cheio e aquilo tornou-se mítico no Porto. Uma coisa que era para durar meses durou anos.
 Também fez rádio, na Rádio Nova Era, no Porto. Foi lá que conheceu o Pedro Alves? 
Conheci o Pedro no bar onde fazia stand--up. Ele tinha uma colega, que na altura era jornalista do ‘Expresso’ e da rádio, que sugeriu uma reportagem para o jornal, sobre as noites de comédia no Porto. Combinaram ir todos jantar e foram assistir ao nosso espetáculo. O Pedro já estava meio bebido nesse dia e resolveu estragar-me a noite e contar o fim das minhas piadas. E, em vez de termos andado à pancada, ficámos amigos.

Como surgiu a ideia do ‘Telerural’ e do ‘Curral de Moinas’? 
O ‘Telerural’ surgiu como uma ideia ‘tapa-buracos’, porque na altura nós trabalhávamos na ‘Praça da Alegria’, na RTP, e o diretor pediu para inventarmos uma rubrica para passar no final do programa nos últimos 15 dias de julho. Na altura falei com um dos nossos argumentistas, o Frederico, e disse-lhe para ele arranjar uma coisa gira para fazermos e ele inventou o ‘Telerural’, que depois durou anos e anos e tornou-se um programa em horário nobre. 
Tem saudades? 
Foi das coisas que mais prazer me deram fazer até hoje. Mas depois disso tivemos também o ‘Portugal Tal e Qual’, que poucas pessoas souberam que existiu. Na altura não foi muito bem publicitado. Era um programa do género documentário.
 Como gere uma amizade tão longa como a que mantém com o Pedro Alves? 
Nós não começámos por ser amigos, começámos por aproveitar aquilo que cada um tinha de melhor e trabalhámos juntos. Não foi a amizade que nos juntou, foi o trabalho. Não podíamos estar chateados muito tempo, porque tínhamos de trabalhar depois. Nós somos uma dupla de trabalho, é um casamento. Hoje em dia já não estamos juntos porque temos de trabalhar um com o outro mas porque somos amigos. Quando vamos trabalhar é um complemento à nossa amizade.

O Pedro Alves é uma pessoa a quem pede uma opinião? 
Sempre. O Pedro sempre foi um bocado o irmão mais velho, temos uma relação completamente familiar. Peço-lhe sempre conselhos. Ele é uma pessoa a quem eu ligo sempre a perguntar o que fazer. Depois do ‘Telerural’ ter acabado esteve algum tempo ausente da televisão. 
Voltou a aparecer no programa ‘A Tua Cara Não Me É Estranha’, TVI. Como surgiu esse convite, na altura? 
O convite foi da Endemol, mas eu não sabia de quem tinha sido a ideia. Quando me ligaram eu estava com o Pedro e disse-lhe que era uma coisa que eu queria fazer, porque nunca tínhamos feito nada sozinhos. Ele concordou e eu aceitei. Foi das coisas que eu mais gostei de fazer. Estava à espera do sucesso que acabou por alcançar? Acho que nunca ninguém pensou que o programa pudesse ter o sucesso que teve. Diverti-me imenso. Foi das coisas mais descontraídas que já fiz. Fiz um grupo de amigos bestiais, com quem hoje em dia ainda falo. Gosta de cantar... É das coisas que eu mais gosto de fazer. Adoro cantar. Como está atualmente a relação com a sua ex-namorada, Luciana Abreu? Na altura criou-se uma novela à volta disso quando não tinha de se criar. Eu só namorei com ela cinco meses. Se tivéssemos namorado anos e anos... Somos só amigos, não daqueles que ligam um para o outro todos os dias. Mas quando estamos juntos estamos bem.



Após o sucesso de ‘A Tua Cara Não Me É Estranha’ começou a apresentar ‘Não há Bela sem João’, com Marisa Cruz.
 Foi um convite que surgiu um mês depois de eu ter feito ‘A Tua Cara Não Me É Estranha’. Só a conheci a sério no programa. Nunca tinha sido apresentador, não sabia como funcionava, foi um desafio muito grande. Tive muita sorte com a equipa com quem trabalhei naquele programa. Acabei por criar uma família. Mas no ano passado acabou por trocar a TVI pela SIC, onde apresenta, ao lado de Júlia Pinheiro, ‘Queridas Manhãs’... Foi uma escolha muito pensada. Levou alguns meses. A proposta da SIC era irrecusável, tornar-me apresentador em day-time. Nunca sonharia, passado um ano e meio de apresentação, que me fosse dada a oportunidade de trabalhar ao lado da Júlia Pinheiro, que é uma senhora da televisão. Ela é uma pessoa muito generosa, que perde o tempo dela para me ensinar truques. A TVI nunca poderia dar- -me um projeto destes. A SIC foi o único sítio que me apresentou este desafio. Acho que qualquer pessoa tomaria esta decisão. Na altura falou-se que tinha ‘traído’ a confiança de Marisa Cruz... Não existiu nenhuma traição. As pessoas que tinham de saber da proposta da SIC sabiam. Quando chegou a altura de decidir, comuniquei a minha decisão.
 Identifica-se mais com a Marisa ou com a Júlia? 
São duas pessoas completamente diferentes. A Marisa Cruz faz parte do meu início como apresentador, um programa que era feito num formato muito mais leve. Ela foi a minha companheira na altura certa, naquele formato de programa, que foi construído por nós os dois. No programa da SIC, já não se vê o João Paulo Rodrigues como entertainer, mas sim num formato mais sério. Há pessoas às quais ainda lhes faz um bocado de confusão ver-me a falar de coisas mais tristes.

Como está a ser esta nova experiência?
 Tenho notado uma grande evolução desde o primeiro dia. Sou brincalhão quando tenho de ser, mas também sei ser sério e profundo quando assim é exigido. Este programa é um formato completamente diferente. A mudança de registo é imposta desde que o programa começa até ao final. Mas depois também exibe o seu lado mais divertido no ‘Vale Tudo’, SIC, aos sábados à noite. No ‘Vale Tudo’ estou mais numa de me descontrair. Divirto-me imenso. Às vezes esqueço-me que faço parte do programa. Gosto muito do César Mourão, do Rui Unas e da Inês Castel-Branco, rio-me muito. Estou ali quase como espectador. Eles são todos muito bons. 
Foi convidado para esta edição de ‘A Tua Cara Não Me É Estranha’, na TVI?
 Sim. Antes de sair da TVI convidaram-me para fazer parte de ‘A Tua Cara Não Me É Estranha - Kids’, mas com a minha saída para este novo projeto tornou- -se incompatível. 
Como é que ocupa os seus tempos livres, dado que está sozinho em Lisboa? 
Adoro corridas de carros clássicos e artes marciais. As corridas de carros surgiram a convite do Pedro. E eu aceitei, obviamente. Este ano só não participo porque não tenho tempo. Artes marciais faço desde miúdo, mas neste momento estou parado há um mês e meio. 
A sua mulher, Juliana, e a vossa filha, Rita, de três anos, continuam no Porto. Sente muitas saudades?
 A minha mulher e a minha filha são a parte mais importante da minha vida. Não estar com elas todos os dias custa-me sempre um bocado. Incomoda sempre. É natural que eu esteja sempre um bocado mais irritado ou até mesmo chateado, porque estou longe delas. Estou só com elas ao fim de semana.

Pensa trazer a sua mulher e a sua filha para Lisboa?
 Claro que sim. Elas vêm para cá viver assim que conseguir. Nem eu pensaria fazer vida em Lisboa se não as tivesse ao meu lado todos os dias. Já comprou casa ou continua a viver no hotel? Estou à procura de casa ainda. Eu saio do hotel de manhã e volto à noite. É só mesmo para dormir. Nem o pequeno- -almoço tomo lá.
 Qual é o seu maior objetivo a nível profissional?
 Na semana passada, no hotel estava a preparar o programa do dia seguinte e houve uma altura em que imaginei aquilo que fiz até agora e aquilo que ia fazer no dia a seguir. E, a conclusão a que eu cheguei é que adoro o meu trabalho. A apresentação foi uma coisa que surgiu inesperadamente na minha vida. Acabei por descobrir uma coisa que gosto mesmo muito de fazer. Há pessoas que terão a opinião que eu não presto como apresentador, mas eu sou muito teimoso e gosto de provar que as pessoas nem sempre estão certas. 
Preocupa-se muito com a opinião das outras pessoas? 
Acho que todas as pessoas, que trabalham para os outros, como por exemplo eu, que sou apresentador, devem importar--se obrigatoriamente com aquilo que as outras pessoas pensam. Tento ir seguindo aquilo que as pessoas me dizem na rua ou até mesmo quando faço espetáculos. Gosto mesmo de comunicar, de fazer com que os outros se esqueçam do mal que lhes acontece na vida. Quero continuar a fazer isto e a melhorar todos os dias. 
Estava à espera de ter tido tanto sucesso com o filme ‘Sete Pecados Rurais’, que estreou no verão passado?
 Não estávamos nada à espera. Nenhum de nós. Mas ficámos todos muito contentes. É um reconhecimento público do nosso trabalho. Foi o voltar às nossas origens e foi também a confirmação de que as pessoas gostam daquelas duas personagens. E depois tivemos uma mais-valia, que foi o resto da equipa, como a Patrícia Tavares, a Alda Gomes, a Melânia Gomes e o Nicolau Breyner, que vieram reforçar o elenco de atores. Veio tudo ajudar e eu espero ter tanto sucesso no segundo filme, que vai estrear no final de 2015, como tivemos neste.

Olhando para aquilo que tem sido a sua vida, sente-se um homem realizado? 
Completamente. Só me falta escrever um livro, porque uma árvore já plantei.

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