terça-feira, 4 de março de 2014

UMAS MANHÃS QUE FICARAM MAIS QUERIDAS!

"A boa-disposição escreve-se com Jota. Aliás, dois Jotas!", anunciava a SIC há um mês atrás. O "Queridas Manhãs" chegou à antena de Carnaxide rotulado de irreverente e animado. Um mês depois, analisamos o percurso do novo talk-show matinal da SIC, em mais uma edição da rubrica "Lupa Esmiuçadora".

Foi há precisamente um mês que as manhãs da estação de Carnaxide mudaram. Cerca de três anos após Júlia Pinheiro se ter (re)estreado nas manhãs da SIC, a 3 de Fevereiro o terceiro canal baralhava de novo as cartas para começar do zero (vá, do 10) e partir com toda a força na luta pelas manhãs.


A par da mudança de produtora (a Endemol deu lugar à Fremantle), o grande trunfo para estas novas manhãs do canal foi João Paulo Rodrigues - que, recorde-se, protagonizou uma das transferências mais badaladas do final do ano passado. Juntamente com Júlia Pinheiro, o humorista tem pela frente a difícil tarefa de recuperar as manhãs da estação e tentar roubar a liderança ao "Você na TV", numa faixa horária que é das mais competitivas da televisão portuguesa.

Os primeiros números do "Queridas Manhãs" não podiam ser mais animadores. Desde que a SIC estreou o novo talk-show, o período 10h-13h tem alcançado resultados audiométricos positivos. Neste primeiro mês de exibição, a média de espectadores subiu cerca de 67 mil, e houve até dias em que o programa chegou mesmo aos 400 mil espectadores.

Embora sejam uma peça fundamental para o negócio da televisão, deixemos os números de lado e passemos para os conteúdos do programa e toda a sua produção. É inquestionável a animação que João Paulo Rodrigues trouxe consigo, a sua postura irreverente muito típica do humorismo, e isso tem-se notado no programa, embora careça ainda de um trabalho de adaptação ao formato, nomeadamente em relação aos assuntos ditos mais sérios, que o tempo se encarregará de resolver.

Mais animação e música, algumas piadas à mistura, e sobretudo muita descontracção têm sido os principais ingredientes para o "Queridas Manhãs" agarrar o público. Apesar das notáveis semelhanças com o programa que veio substituir, ao longo das emissões o programa dos Jotas ganhou novas rubricas, e adaptou algumas já existentes. Os conteúdos passaram, também, a ser mais leves e descontraídos. Com tudo isto, a nova dupla da televisão portuguesa tem vindo a unir-se e a adaptar-se, e o formato, que se começa a afinar, parece caminhar no sentido do rumo certo. Não podemos esquecer o aumento de criatividade que a equipa de conteúdos tem tido para abordar os temas de cada emissão.


No que às questões gráfica e cénica diz respeito, podemos dizer que o "Queridas Manhãs" está bem conseguido, sendo que alguns pequenos detalhes do cenário já foram alterados - e para melhor. O "Olhar a Televisão" esteve, como sabe, presente no estúdio no dia estreia. Ao entrar no estúdio 2, aquele que recebe os programas do day-time da SIC (e só por curiosidade, também o de "Passadeira Vermelha"), as palavras que se ouviram em relação ao novíssimo cenário foram de espanto e admiração, principalmente dos figurantes que, habitualmente, estão nas plateias destes programas. Os grafismos e oráculos, dominados pelo rosa e laranja, estão também bonitos, e a sonoridade (quer do genérico, quer das entradas em estúdio) foi bem escolhida. Destacar apenas pela negativa o tipo de letra escolhido para o logótipo do "Queridas Manhãs" que, com o belíssimo background, acaba por ser um mal menor.




O jogo de casa do programa é outro dos grandes trunfos do talk-show das manhãs da SIC. A nível de passatempos, a estação de Carnaxide tem sido a mais original, e disso ninguém lhe pode tirar o mérito, e este "Furo da Sorte" é dos passatempo mais originais que, nos últimos tempos, surgiram na televisão portuguesa.

Aquela que é uma das maiores curiosidades de todos os espectadores, foi também a nossa: Como serão os apresentadores ao vivo. Simpáticos? Antipáticos? Acessíveis? Ou com manias de estrela? Por aquilo que vimos e assistimos, podemos afirmar que Júlia Pinheiro (que nesta análise até nem tem sido muito referida, embora sobre ela não haja muito a dizer, porque é das melhores naquilo que faz) e João Paulo Rodrigues são aquilo que se vê na "caixinha mágica". Simpáticos, divertidos, sem qualquer tipo de "peneiras", e acima de tudo muito profissionais. A produção do "Queridas Manhãs" também não pode ser esquecida, até porque sem todos os elementos que trabalham atrás das câmaras nada do que vemos em casa seria possível, e eles estão também de parabéns pelo seu trabalho.


Se o "Queridas Manhãs" vai chegar algum dia à liderança? Bem, isso não sabemos. O que podemos dizer é que veio baralhar o jogo e trazer uma nova dinâmica às manhãs da televisão portuguesa - e os números, de resto, só o comprovam. A concorrência é forte, mas a guerra (saudável, espera-se) pelas audiências entre os talk-shows matutinos está mais emocionante do que nunca, e isso é bom. Seja feita boa televisão!

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